As
bandas Nação Zumbi e Eddie e os cantores China e Alessandra Leão não vão tocar
no Carnaval de Pernambuco, segundo os próprios músicos. O motivo? Atraso nos
pagamentos. Eles não receberam os cachês antigos e quando recebiam era com
atraso. “Tomar essa decisão foi muito difícil, porque eu adoro fazer shows
nessa época do ano e também estou morrendo de saudade do público pernambucano,
que sempre lota os espaços públicos para assistir as minhas apresentações,
mas essa galera não imagina o que acontece nos bastidores, e por isso
escrevo esse texto para explicar a situação”, excplicou China em seu
site. Contudo, culpa a máquina burocrática: “Não posso jogar a culpa desses
atrasos nas costas das pessoas que fazem parte do governo e da prefeitura,
inclusive, tenho amigos super competentes que trabalham na Fundarpe e na
secretaria de cultura do Recife, que também ficam chateados com essa
situação. O problema é a máquina burocrática e o descaso com o assunto.
Isto precisa ser revisto”.
Alessandra
Leão também reforçou o protesto em sua página na internet. “Aviso quem possa
interessar que decidimos não fazer shows, nem eu e nem Caçapa, no Carnaval de
Pernambuco/Recife/Olinda 2013. Essa decisão tem um motivo simples: se as
políticas de seleção, contratação e pagamento de shows não mudam para as
Prefeitura do Recife e Olinda nem para o Governo do Estado, mudamos
nós.Cansamos de reclamar por tocar no carnaval e receber no São João, tocar no
meio do ano e receber no Natal (e claro que com muito desgaste no meio do
caminho). Cansamos de critérios de seleção confusos e obscuros. Cansamos de
aceitar e esperar que na próxima vez fosse diferente”, declarou.
Confira a carta de Alessandra Leão na íntegra:
Mudamos nós!
Aviso quem possa interessar que decidimos não fazer shows, nem eu e nem Caçapa, no Carnaval de Pernambuco/Recife/Olinda 2013. Essa decisão tem um motivo simples: se as políticas de seleção, contratação e pagamento de shows não mudam para as Prefeitura do Recife e Olinda nem para o Governo do Estado, mudamos nós.
Cansamos de reclamar por tocar no carnaval e receber no São João, tocar no meio do ano e receber no Natal (e claro que com muito desgaste no meio do caminho). Cansamos de critérios de seleção confusos e obscuros. Cansamos de aceitar e esperar que na próxima vez fosse diferente.
Não é uma decisão fácil. Lamento profundamente não fazer show em casa nesse carnaval. Justo no carnaval, uma das festas que mais nos move, nos inspira e emociona. Mas, para nós, não faz sentido continuar alimentando e aceitando essa prática, no mínimo, equivocada e desrespeitosa com que a política pública cultural vem sendo adotada por aqui.
Trabalhamos há cerca de 15 anos, com muita dedicação e respeito pela música (não apenas pela nossa); pelos que vieram antes de nós, pelos que vem depois, pelo lugar de onde viemos e onde vivemos, não apenas por ter nascido aqui, mas por termos escolhido viver aqui. Nos dedicamos diariamente com muito afinco à nossa profissão. Viajamos por várias cidades, tanto no Brasil quanto em outros países. Somos respeitados por lá, nada além do que merecemos. Nada além do que merecemos por aqui também e do que merecem todos os que trabalham com seriedade em Pernambuco ou em qualquer parte do mundo.
Estamos planejando um show em março no Recife, com parceiros que vem dando um incrível exemplo de como a iniciativa privada pode associar sua marca a produtos culturais, de maneira saudável e contrutiva, mesmo sem leis de incentivo, e com parceiros de jornada que compartilham da mesma vontade de ver a arte viver da arte, sem que tantos tombem pelo caminho.
Mas falo por mim, só posso falar por mim. Não represento nenhum movimento, nenhum partido, nenhum grupo de pessoas. Mas confesso que gostaria imensamente de ver outros colegas pararem de baixar a cabeça; pararem de se sentir impotentes e de acreditar que tem que ser assim; pararem de passar ano após ano reclamando disso tudo; ou pararem de calar apenas.
E é como diz o compositor paulistano Douglas Germano:
“Não há justiça se há sofrer
Não há justiça se há temor
E se a gente sempre se curvar”
Alessandra Leão
Recife, 06 de janeiro de 2013
Mudamos nós!
Aviso quem possa interessar que decidimos não fazer shows, nem eu e nem Caçapa, no Carnaval de Pernambuco/Recife/Olinda 2013. Essa decisão tem um motivo simples: se as políticas de seleção, contratação e pagamento de shows não mudam para as Prefeitura do Recife e Olinda nem para o Governo do Estado, mudamos nós.
Cansamos de reclamar por tocar no carnaval e receber no São João, tocar no meio do ano e receber no Natal (e claro que com muito desgaste no meio do caminho). Cansamos de critérios de seleção confusos e obscuros. Cansamos de aceitar e esperar que na próxima vez fosse diferente.
Não é uma decisão fácil. Lamento profundamente não fazer show em casa nesse carnaval. Justo no carnaval, uma das festas que mais nos move, nos inspira e emociona. Mas, para nós, não faz sentido continuar alimentando e aceitando essa prática, no mínimo, equivocada e desrespeitosa com que a política pública cultural vem sendo adotada por aqui.
Trabalhamos há cerca de 15 anos, com muita dedicação e respeito pela música (não apenas pela nossa); pelos que vieram antes de nós, pelos que vem depois, pelo lugar de onde viemos e onde vivemos, não apenas por ter nascido aqui, mas por termos escolhido viver aqui. Nos dedicamos diariamente com muito afinco à nossa profissão. Viajamos por várias cidades, tanto no Brasil quanto em outros países. Somos respeitados por lá, nada além do que merecemos. Nada além do que merecemos por aqui também e do que merecem todos os que trabalham com seriedade em Pernambuco ou em qualquer parte do mundo.
Estamos planejando um show em março no Recife, com parceiros que vem dando um incrível exemplo de como a iniciativa privada pode associar sua marca a produtos culturais, de maneira saudável e contrutiva, mesmo sem leis de incentivo, e com parceiros de jornada que compartilham da mesma vontade de ver a arte viver da arte, sem que tantos tombem pelo caminho.
Mas falo por mim, só posso falar por mim. Não represento nenhum movimento, nenhum partido, nenhum grupo de pessoas. Mas confesso que gostaria imensamente de ver outros colegas pararem de baixar a cabeça; pararem de se sentir impotentes e de acreditar que tem que ser assim; pararem de passar ano após ano reclamando disso tudo; ou pararem de calar apenas.
E é como diz o compositor paulistano Douglas Germano:
“Não há justiça se há sofrer
Não há justiça se há temor
E se a gente sempre se curvar”
Alessandra Leão
Recife, 06 de janeiro de 2013
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